9 de fevereiro de 2013

Entrevista com Akiyuki Shinbou (diretor)





Mais uma entrevista traduzida do Anime News Network, que traz como destaque Akiyuki Shinbou, principal nome do estúdio SHAFT e diretor de sucessos como "Bakemonogatari", "Mahou Shoujo Madoka Magica", "Hidamari Sketch" e "Sayonara Zetsubou Sensei". Aqui, o centro da conversa foi o anime de 2011 "Denpa Onna to Seishun Otoko".




Essa entrevista foi publicada no dia 07 de fevereiro e realizada por Bamboo Dong, e pode ser lida aqui. Em parceria feita com a NIS America (subsidiária da Nippon Ichi Software, empresa japonesa de jogos que há alguns anos também faz negócios na área de animes), o ANN pediu a seus leitores que enviassem perguntas a serem feitas para Akiyuki Shinbou a respeito de "Denpa Onna to Seishun Otoko", anime exibido no Japão em 2011 e lançado nos Estados Unidos pela NIS America em janeiro desse ano. Os que tiveram suas questões escolhidas ganharam o box de luxo da série, que vem com 2 discos em blu-ray e outros 2 em DVD, além de diversos extras e ilustrações. A entrevista foi traduzida na íntegra.

Box lançado nos EUA. Preço: apenas 55 dólares...




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ANN: Apesar do nome excêntrico, “Denpa Onna to Seishun Otoko” se aproxima mais de um “slice-of-life” do que de uma história de fantasia, porém a atmosfera da série ainda é fantástica. Quais foram os elementos mais importantes na criação desta atmosfera?

Em vez de ser algo voltado a “vida", eu me concentrei na fase onde mais brilhamos, “adolescência”. Desenhei tudo tendo “adolescência” em mente, e não tanto a “fantasia”.


A respeito de algumas personagens como Erio brilharem – Por que essa decisão foi tomada? O que você estava tentando retratar?

A resposta fácil para essa pergunta é porque isso é descrito na light novel original, mas nós nos esforçamos muito mesmo para apresentar isso mais bonito em imagens do que em palavras. Eu pensei em expressar algo como um “símbolo da adolescência”.

A personagem Erio possui um pouco de hikikomori. Ultimamente, parece que o lado mais sombrio da cultura otaku, incluindo NEETs, hikikomori e aqueles com obsessões doentias têm maior presença nos animes atuais. O que você quer que os espectadores otakus, particularmente aqueles propensos a esse tipo de estilo de vida, tirem de seus trabalhos?

A primeira ideia que quero compartilhar é: "Quem se importa se você é um hikikomori?" Se não tivesse esse trabalho eu, também, poderia ter me tornado um NEET. Pensei que seria bom se as pessoas, inclusive eu, pudessem sair e fazer alguma coisa... mas, ao mesmo tempo, quem se importa se você não pode dar esse primeiro passo ainda? O que há de errado em não tomá-lo? (amenizou esse problema tanto quanto fez "Denpa Onna" e faz atualmente "Sasami-san@Ganbaranai"... Esse comentário soou muito otimista.)


Dezenas de estúdios estavam envolvidos na produção de “Denpa Onna to Seishun Otoko”. Como diretor-chefe, quais são os desafios em supervisionar o trabalho de tantos estúdios, e ter a certeza de que o produto final saia completo e coeso?

O primeiro desafio foi reproduzir as ilustrações vistas no original. A equipe realmente prestou muita atenção a tudo, desde reproduzir os traços delicados e únicos dos desenhos a pôr os mesmos em movimento. Os personagens já existiam como ilustrações sobre uma superfície plana, por isso, se as pessoas podem se sentir como se os personagens tivessem ganhado vida a partir dessas ilustrações, podemos pensar que todo nosso trabalho duro valeu a pena.

Ao usar tantos estúdios de animação no meio, o processo de produção deve ficar mais rápido e eficiente, porém você acha que se precisa gastar mais tempo e atenção para manter o controle de qualidade? Como você equilibra isso?

Antes de tudo, a eficiência não aumenta apenas porque muitos estúdios estão envolvidos. Quanto mais variáveis existem, mais discrepâncias na qualidade aparecem. Não é realmente equilibrar isso, mas prestar muita atenção à qualidade no início de um projeto; é fundamental fazê-lo, a fim de imergir os espectadores no mundo da história.


Você já tinha experiência em fazer séries baseadas em romances, como ”Bakemonogatari”, mas a maior parte de sua experiência anterior a “Denpa Onna to Seishun Otoko” havia sido na direção de adaptações de mangás. No que você diria que sua abordagem na direção se diferenciou quando lidou com esses romances, em oposição a lidar com um mangá?

Em vez de abordagem, diria que as diferenças residem quanto à liberdade que eu tenho. Em um mangá, os artistas têm seus personagens agindo e fazendo as coisas de uma forma específica, portanto passamos muito tempo reproduzindo as ações já existentes. Por exemplo, é muito fácil para os leitores de um mangá apontar as diferenças de cenas entre esse e sua adaptação para anime, certo? (sim!!) Por outro lado, os romances dão aos leitores a oportunidade de expandir a imagem do que estão lendo, então naturalmente eles têm muito mais liberdade para pensar o que quiserem. Só para sua informação, no caso de “Bakemonogatari” enfocamos a "visualização das palavras", de modo que foi uma situação bastante diferente.


Ao condensar uma longa light novel para um anime de uma temporada, quais foram algumas das dificuldades? Você achou o tamanho (foram 12 episódios) apertado?

Uma vez que existem outros que trabalham na composição de uma série, significando que eu não fazia isso sozinho, não foi tão difícil. Em relação a ele ter uma temporada, em muitos casos, a série chega ao fim justamente quando todo mundo começa a obter um bom entendimento do anime, por isso não é incomum para nós pensar: "Queremos continuar com isso!".


De que maneira você toma uma decisão complicada, como qual cena cortar e qual inserir? Houve cenas que você desejou adaptar, mas ficaram de fora por falta de tempo?

Como eu disse na resposta anterior, tenho muitos funcionários para me ajudar. Há muitas cenas cortadas da versão televisiva, então, por favor, volte a assistir o box com o romance original em mãos! (ele está se referindo às cenas extras inseridas na mídia).


Muitas vezes adaptações de light novel sofrem um exame minucioso por parte dos fãs da obra original, a fim de se saber o quão ela é fiel ao material de origem. Quando você recebe um projeto como este, você está preocupado com o que os fãs dos livros poderão pensar? Ou você está mais focado em novos fãs que não leram o livro? Como encontra essa harmonia?

Sim, estou muito preocupado, porque eu quero fazer disso um sucesso. Quando há uma fonte original, fico muito ansioso ao ver o anime sair à venda. Acho que quando algo é adaptado de sua fonte original e em um anime, é essencial atrair os fãs dela; só no momento em que recebermos suas bênçãos poderei considerar um sucesso. Eu realmente me esforço para obter deles o pensamento "Isso é exatamente como o original", ou "Isso é até melhor que o original!". Depois que isso é atingido, considero um super sucesso quando pessoas que não conhecem o original começam a assistir o anime.


Em última análise, o quanto Hitoma Iruma (autor da light novel) contribuiu na adaptação e roteiro final?

Houve uma quantidade mínima de contribuição. Disseram-nos para trazer à tona as partes atraentes de um anime, por isso, praticamente tivemos a decisão final na conclusão do roteiro.


Como diretor-chefe, você teve de tomar qualquer decisão difícil ou impopular durante a produção de “Denpa Onna to Seishun Otoko”?

Nós raramente tivemos divergências sobre as decisões a serem tomadas, então tudo correu muito bem.


A este ponto de sua carreira, você trabalhou em vários gêneros. Tem um gênero preferido para trabalhar?

Eu não tenho um favorito, mas estou interessado em trabalhar em gêneros que ainda não experimentei. Para a maior parte, eu não possuo nenhum gosto ou desgosto quando se trata do que trabalho. É o meu trabalho!


Ao longo da série, Makoto Niwa mantém um sistema de “Pontos da Adolescência” para julgar como um todo sua experiência escolar. Se você tivesse mantido um registro semelhante na escola, como acha que sua pontuação teria sido?

Isso é realmente difícil para eu calcular. Minha adolescência terminou um loooongo tempo atrás * risos * (ele tem 51 anos). Acho que eu me lembro de querer ser o Nobita de Doraemon. Ele sempre teve o luxo de ter o todo poderoso Doraemon com ele, depois de tudo...





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