24 de dezembro de 2014

Resenha: Shugo Chara


Muitos dizem que quem assistiu a um tipo de série e vê outros similares, vai pensar que tudo é “farinha do mesmo saco”, por ter características idênticas. Não é um pensamento errado, mas, existe o outro lado: de que mesmo sendo parecido, pode ter alguma coisa diferente que a torna interessante em conferir. Esta foi a impressão que tive ao ver “Shugo Chara”, que se encaixa aos “mahou shoujo” mais tradicionais, que parece comum e que quanto mais eu assistia, via que tinha alguns trunfos e me encantou, conforme manda o figurino.

E é revelar estes detalhes que a resenha abaixo vai trazer, com o intuito de mostrar mais uma série com esquema óbvio, mas que pode te pegar de surpresa.


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Ano: 2007
Diretor: Kenji Yasuda
Estúdio: Satelight
Episódios: 51
Gênero: Aventura / Comédia / Romance
De onde saiu: Mangá, 12 volumes, finalizado

Por Escritora Otaku




Todas as crianças carregam um ovo em suas almas...
O ovo dos nossos corações... Nossa essência...
Porém, invisíveis...” (tradução da frase mostrada antes da abertura da série, dita em inglês)

Com estas palavras “Shugo Chara” é apresentado: mais uma série que faz parte do estilo “mahou shoujo”, trazendo velhas fórmulas e ao mesmo tempo, consegue inovar ao longo de seus episódios. A frase representa um destes diferenciais da série, que revela que dentro das crianças existe um ovo, representando a real personalidade e os sonhos que possuem para o futuro.

O mangá que deu origem a animação teve início nas páginas da revista Nakayoshi – a mesma que publicou “Sailor Moon”, “Sakura Cardcaptors”, entre outros mangás - nos anos de 2006 a 2009 com 12 volumes encadernados e criado pela dupla feminina de mangakás Peach-Pit (“Rozen Maiden”, “Zombie Loan”), encabeçando mais um “mahou shoujo” entre tantos já existentes. Portanto, não esperem grandes coisas vindas nesta animação pra começo e quem sabe, pode enxergar certo potencial por trás da produção em si. “Shugo Chara” possui as clássicas características que o “mahou shoujo” traz: protagonista bonitinha, personagens clichês, mascotes e transformações cheias de fru-fru e cores multicoloridas aos montes - a versão anime contou com três temporadas, a da resenha abaixo, sua continuação direta, “Shugo Chara!! Doki” e “Shugo Chara!!! Doki Doki”. Mas vamos ao que interessa, a história...

Hinamori Amu é uma menina de dez anos que, igual a muitos alunos, acaba de entrar numa nova escola e há boatos a respeito de sua pessoa. Tem uma personalidade descolada e crítica, fora que suas roupas de toque gothic lolita – nada cheguei demais, apenas infantil – faz com que não consiga ter amigos e a maneira de ver as coisas seja um tanto rude. Na verdade, a garota usa isso mais como fachada, já que não consegue expressar direito suas atitudes e por isso as pessoas a veem desta forma. Não apenas na escola, como também em casa, onde banca a irmã mais velha e certa responsabilidade pela família, que tem olhos para sua irmã caçula.

Numa noite, antes de dormir, ela deseja poder ser capaz de revelar seu verdadeiro eu, e no dia seguinte...

Susto! Na sua cama aparecem três ovos – um rosa, um azul e um verde – e sem entender nada, Hinamori os leva para a escola, onde descobre que não é a única criança com eles. Na verdade, todas as crianças em “Shugo Chara” possuem um ovo que traz a real personalidade e os sonhos que querem realizar, seja superação, uma profissão ou outros motivos. A revelação é feita pelos Guardiões, que são crianças que atuam como um Grêmio Estudantil, que trata de situações referentes ao convívio escolar. Estas possuem também ovos e esclarecem a protagonista que por ter três, significa que é capaz de utilizar um item mágico em forma de cadeado e usar os poderes dos ovos pra evitar que uma organização possa obter o embrião, um ovo capaz de conceder qualquer pedido.

No começo Hinamori rejeita a ideia de proteger os ovos, mas, percebe que somente ela é capaz de realizar essa tarefa, por ter três ovos e usá-los para tal propósito: o nome da animação se refere ao que aparece neles, que são guardiões chara que representam a real personalidade das crianças ou daqueles que nunca desistiram de descobrir seu verdadeiro eu ou seu maior sonho. E assim, Hinamori Amu entra nos Guardiões e usará os ovos que adquiriu pra proteger os que possuem um ovo em seus corações.


Então, o que “Shugo Chara” difere das séries "mahou shoujo" que conhecemos?

A primeira coisa é o fato dos ovos: a ideia de representar a real personalidade da pessoa nos mostra que não podemos esconder o que somos de verdade; os guardiões chara que surgem ao longo da animação são pequenos, possuem formato chibi e são capazes de mudar a personalidade de seus donos ou de transformá-los pra enfrentar as ameaças, que são os próprios ovos. Quando a pessoa sente que não pode continuar com o seu sonho ou de mudar, os ovos ficam negros e podem atacar a quem estiver por perto. Somente a protagonista é capaz de purifica-los para voltarem ao estado original, usando os seus que adquiriu que dão os poderes pra realizar isso. Cada episódio da série mostra um ovo ou mais que precisa ser purificado ou aventuras e cabe a personagem resolver esta questão, além de querer mudar pra uma garota melhor. Tanto ela quanto os personagens que despertaram estes guardiões e cada um é diferente do outro, sendo uns discretos e outros mais animados de estarem perto de seus donos.

Na série não há personagens maus; mesmo os que desejam obter o tal embrião são pessoas que querem realizar seus sonhos ou simplesmente, fazem isso por alguém que seja especial para ele ou para ela. Por isso, até mesmo os antagonistas possuem um objetivo pra cumprir e são pessoas comuns, como nós. Os personagens que fazem parte da animação têm personalidades bem comuns e os clássicos clichês que podemos deparar em séries que usam o estilo "mahou shoujo", sendo que o destaque são os guardiões chara, que podem ser consideradas as mascotes da série.

“Shugo Chara” possui duas fases distintas: em ambas vemos Hinamori e companhia tentando descobrir seu lugar no mundo, uma identidade e superar os obstáculos que a vida pode trazer. Interessante notar que esta é uma característica comum em séries shoujo, principalmente as que revelam aspectos da vida humana, no entanto, sem levar demais a sério, pois é uma animação infantil. O traço da série é bem comum e simpático, como manda o figurino; a dublagem possui algumas características bem marcantes, principalmente dos guardiões chara – umas mais chamativas e outras mais discretas – fazem parte da produção da animação. Na primeira fase, o tema de abertura é “Kokoro no Tamago” e os temas de encerramento são “Honto no Jibun” e “Renai Rider”; já na segunda fase, o tema de abertura é “Minna Daisuki” e os temas de encerramento são “Kiss! Kiss! Kiss!” e “Gahinko de Ikou!”. As aberturas são padrões, mostrando os personagens que fazem parte da animação e os temas de encerramento são mais movimentados e bem animados.


Em vista disso, para os que curtem o estilo “mahou shoujo”, vão se agradar em assistir esta série; aos que procuram algo a mais, podem ficar decepcionados, mas ao menos deem uma oportunidade e quem sabe poderão acabar gostando. De qualquer maneira, dar uma chance para séries convencionais pode lhe levar a uma melhor compreensão do mercado de animes no Japão, além dos clássicos e séries cult que tem por aí.



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