20 de agosto de 2016

Resenha: Kamikaze Kaitou Jeanne



Por Escritora Otaku

Fazia um bom tempo que queria ver esta série. Após gravar todos os episódios, comecei a assisti-la e a primeira coisa que me pegou de surpresa foi uma das vozes do elenco principal: a dubladora em questão (Naoko Matsui) faz a Suzuki Sonoko de “Detective Conan”, e sabem como fico quando reconheço dubladores deste anime - sendo que episódios depois surgiu outro dublador mais conhecido e aí, minha relação com a série apenas melhorou. Com isto, se confirma que muitas vezes alguns de nós assistem certos animes apenas por causa do dublador X ou Y que gostamos de ouvir.

Graças a isso deu pra aguentar boa parte do começo da série, pois estava muito óbvia demais - porém após dezoito a vinte episódios, aí sim, a história evolui de tal maneira que seu começo e final são totalmente diferentes. Há animações que apenas melhoram depois de vários episódios e este foi um desses casos.

Seguindo a cartilha básica de um mahou shoujo, “Kamikaze Kaitou Jeanne” pode mesmo não ser grande coisa em seu começo, ma não deve deixar se desanimar. No momento que a história melhora, te prende de tal forma que só dá pra largar depois de certos desdobramentos - portanto, ter paciência é uma virtude quando animes começam de forma lenta e aceleram conforme passam os episódios em questão.


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Ano: 1999
Diretor: Atsutoshi Umezawa
Estúdio: Toei Animation
Episódios: 44
Gênero: Aventura / Comédia / Fantasia / Romance
De onde saiu: Mangá, 7 volumes, finalizado


Em “mahou shoujo” conhecemos uma estética onde a fantasia e os desafios são impostos aos seus personagens, que comprovam se vão ou não ser vitoriosos a cada luta. Estes desafios são além das clássicas lutas e da rotina do seu elenco de destaque, pois parem pra pensar: dá pra conseguir seguir na missão ou responsabilidade o tempo todo? Será que as heroínas e seus companheiros não passam por dias de reaprender a ser o que se tornaram, de crescer e quem sabe, procurar por uma identidade que não seja a heroica ou a fantástica que mostram aos espectadores?

Qual seja a resposta, é apenas acompanhando que podemos saber e tal série traz um pouco destas questões, seguindo os típicos clichês que vemos nos “mahou shoujo”. Em “Kamikaze Kaitou Jeanne” o que parecia ser apenas a missão da personagem principal bota em xeque os anseios e problemas a serem enfrentados, fora que o motivo por trás esconde certos segredos. A mente criadora disto é deveras conhecida do público: a mangaká Arina Tanemura, cujo título mais famoso é “Full Moon wo Sagashite” (sete volumes, lançado nos anos de 2001 a 2004), possui o costume de trazer obras com significativa carga dramática, sem esquecer o humor e de desenvolver seus personagens. O anime abordado nessa resenha é baseado no que seria seu segundo mangá mais popular, publicado nos anos de 1998 a 2000, mangá esse que segue a cartilha básica dos “mahou shoujo” e revela parte da criatividade de sua autora.

No enredo, Kaitou Jeanne é uma ladra que costuma deixar um cartão indicando o que irá roubar e desafia a polícia, que tenta em vão pegá-la em flagrante; normalmente os seus roubos são voltados a objetos dos mais variados tipos e que possuem certo valor sentimental aos seus donos ou interessados. O que descobrimos é que esses supostos crimes têm seus motivos para acontecer e aí entra a protagonista Kusakabe Maron, garota do colegial que mora sozinha, é bem humorada e boa em ginástica artística - essa é a real identidade de Jeanne, que está cumprindo uma missão e pra isto, precisa dos poderes concedidos por uma anjinha, a Finn, para aprisionar os demônios que ficam nos objetos e influenciam as pessoas mais próximas. Ou seja, evitar que estes demônios acabem com a vida das pessoas, porque este poder pode ocasionar destruição e machucar os outros.

Durante a desventura, outro ladrão surge, o Kaitou Sinbad, que diferente da Jeanne se mostra um rival e mais tarde (após alguns maus entendidos) torna-se um um importante aliado. Conforme a trama se desenvolve, segredos sobre a origem do poder dos demônios e do poder que Maron usa pra virar Kaitou Jeanne são desvendados, trazendo certa carga dramática que em dados momentos, a sensação de pena ou de tristeza será mais que evidente.

“Kamikaze Kaitou Jeanne” pode parecer à primeira vista um “mahou shoujo” qualquer com alguém que ganha poderes e enfrenta o mal; no entanto, uma olhada a mais revela que há provações na vida, umas que irão te fortalecer e outras que trazem à tona seus pontos mais fracos. E este teor vai intensificando conforme passa a história, conseguindo deixar de lado o tom mágico leve do começo da série.

Em termos de produção, por ser uma animação antiga, não há os recursos gráficos de computação gráfica, havendo ainda certa instabilidade nos traços usados e o clássico reaproveitamento de cenas, como na transformação da protagonista e apresentação de sua identidade secreta - fora a estética característica da mangaká, tipicamente shoujo. A dublagem é bem direta e com boa expressão nos momentos certos; quanto a trilha sonora, destaque para os temas de abertura "Piece of Love" e "Dive into Shine”, ambos retratando as duas fases distintas da animação, servindo a primeira de apresentação dos principais personagens e a segunda as reviravoltas que levarão ao clímax da trama em si.


Portanto, não julgue “Kamikaze Kaitou Jeanne” como mais um “mahou shoujo”, porque em séries cujos clichês são parte, dá pra encontrar uma história cheia de surpresas. Se aguentar, pelo menos, parte de sua história inicial, é provável que acabará se identificando com esta ladra tão simpática e seus roubos. E qualquer semelhança com séries como “DNAngel” ou “Magic Kaito 1412" são apenas meras coincidências...


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